Estimulação controlada dos ovários
A figura mostra o aspecto ultrassonográfico do ovário, mostrando alguns folículos (F - bolsas líquidas onde se desenvolvem os óvulos, chamados também de oócitos). Alguns deles começam a crescer poucos dias antes do início do ciclo menstrual, pela elevação natural do hormônio folículo-estimulante – FSH, que ocorre nesse período. A quantidade desse hormônio, no ciclo natural, é suficiente apenas para o crescimento de um folículo (raramente dois). Por isso, no ciclo natural, apenas um folículo cresce, os outros “morrem”, levando consigo os oócitos. Este folículo pode ser utilizado, em algumas ocasiões especiais, para realizar fertilização in vitro. Ocorre que, nem sempre, o folículo que cresce tem um oócito de qualidade e, eventualmente, pode até não ter oócito.
A estimulação ovariana, realizada pela administração de FSH, tende a favorecer o desenvolvimento de vários folículos nos ovários, com o que se espera garantir a presença de pelo menos um oócito saudável. São utilizados medicamentos injetáveis, em geral de uso subcutâneo e administrados diariamente, a partir do segundo dia do ciclo, por um período variável (usualmente de 8 a 10 dias). A aplicação desses medicamentos, muito similar à aplicação de insulina, pode ser realizada em ambiente doméstico, pela própria paciente. Os preparados comerciais, embora variem na composição e na forma de apresentação, agem aumentando a disponibilidade de FSH para os folículos, que é o que possibilita o desenvolvimento de mais de um deles em um único ciclo.
Durante a aplicação desses medicamentos, a paciente será examinada periodicamente através de ultrassonografia feita pela via vaginal, em geral em dias alternados. A partir dos dados referentes ao número e tamanho dos folículos em desenvolvimento, o médico determina a dose a ser aplicada naquele dia. Quando pelo menos um folículo atinge um diâmetro médio ao redor de 17 mm, então a estimulação ovariana cumpriu seu papel. Nessa ocasião, é aplicada uma medicação, também injetável pela via subcutânea, chamada gonadotrofina coriônica humana, cujo papel é o de concluir a maturação dos oócitos. O horário da aplicação é determinado pelo médico e deve ser seguido rigorosamente pela paciente, uma vez que o sucesso da próxima etapa depende deste momento: se utilizar antes da hora prevista, há chance de imaturidade dos óvulos. Se utilizar muito depois, há chance de ovulação (ruptura dos folículos) e perda dos óvulos.
O exame ultrassonográfico transvaginal não envolve uso de radiação. O transdutor é envolvido por um condom de látex, lubrificado com gel e introduzido na vagina da paciente. É exame usualmente indolor e, embora produza algum grau de desconforto, não produz efeitos colaterais. A alergia prévia ao latex ou ao gel deve ser comunicada ao médico ultrassonografista.