Causas ovarianas
A avaliação da função ovariana leva em conta, além da idade da mulher, os seguintes elementos:
exame de ultrassom, para contagem de folículos ovarianos
dosagem de FSH no sangue e
dosagem de hormõnio antimülleriano (AMH) no sangue: esse hormônio é produzido por folículos ovarianos que ainda são muito pequenos. De um modo geral, quanto maior a quantidade de folículos (reserva ovariana), maior a funcionalidade dos ovários e maior o valor do AMH.
Uma das doenças que cursa com falta de ovulação é a chamada síndrome dos ovários policísticos (ou síndrome da anovulação crônica) em que a paciente tem sangramento uterino irregular, em geral a cada 2 ou 3 meses, e o exame ultrassonográfico mostra a presença de inúmeros folículos ovarianos (F), situados frequentemente na periferia dos ovários. Essas pacientes podem ter aumento de hormônios masculinos e, algumas vezes, apresentam aumento de pelos e, mais raramente, queda de cabelos. Podem, ainda, apresentar obesidade e dificuldade do corpo em assimilar os hidratos de carbono (presentes em doces e alimentos farináceos: bolos, tortas, etc.), por insuficiência da ação da insulina. Se a síndrome for único impedimento para gravidez, pode ser utilizada a estimulação controlada dos ovários, associada a coito programado ou inseminação intrauterina.
Na insuficiência ovariana prematura (ou menopausa precoce), os ovários deixam de apresentar os óvulos, de modo que a ovulação se torna esporádica ou não ocorre. Em geral, as pacientes têm ausência de ciclo menstrual e sintomas semelhantes aos da menopausa (em especial, os fogachos ou ondas de calor). As causas da doença são múltiplas: exposição à radiação, quimioterapia, alguns fatores genéticos, infecções ovarianas, doenças autoimunes e outras. Nesses casos, os valores de FSH no sangue são muito altos, os de hormônio antimülleriano muito baixos, e a contagem de folículos muito baixa também. A chamada síndrome do X frágil é causa genética da insuficiência ovariana prematura. São situações em que a gravidez pode ser obtida por meio de óvulodoação.
Outro fator (talvez o mais significativo) capaz de influir nos ovários é a idade da mulher. Os óvulos são produzidos na fase embrionária, em número finito. Com o passar do tempo, o estoque de óvulos vai se reduzindo paulatinamente, e a sua qualidade vai se tornando menor. Com isso, a reprodução começa a encontrar limitações cada vez maiores. Esta redução de quantidade e qualidade se acentua entre 35 e 37 anos.
Por esta razão, quando a paciente deseja preservar a sua fertilidade por mais tempo, aconselha-se o congelamento de óvulos, preferentemente antes dessa idade.
Algumas outras alterações hormonais podem, igualmente, cursar com falta de ovulação e infertilidade de causa ovariana. A elevação da prolactina e as alterações da tireóide (medidas pelos hormônios TSH e T4 livre) são algumas delas.