Criopreservação

A criopreservação, também conhecida por congelamento, é a técnica que permite manter materiais biológicos em temperatura extremamente baixa (-196⁰C), preservando-os vivos (com seu metabolismo suspenso), podendo ficar assim por vários anos. Com a evolução das técnicas laboratoriais na área da Reprodução Humana, materiais biológicos como espermatozoides, óvulos, embriões e tecidos (testicular e ovariano) têm sido criopreservados rotineiramente para uso futuro.

CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES
O Conselho Federal de Medicina,  por meio da resolução 2320 de 2022, estabeleceu que as pacientes até 37 anos podem receber, no máximo, dois embriões. Acima desta idade, podem ser transferidos até três embriões. Se for feita análise genética (PGT-A), então, independendo da idade, podem ser transferidos no máximo dois embriões normais. 

Ocorre que, quando a resposta à estimulação ovariana é exuberante, sendo produzidos muitos oócitos (óvulos) e, conseqüentemente, muitos embriões (mais do que o permitido para transferência), é possível criopreservar os embriões excedentes. Esta possibilidade depende de concordância expressa do casal, e é realizada por meio de imersão dos mesmos em nitrogênio líquido (temperaturas abaixo de -100ºC), após preparo adequado. Se o casal optar pelo não congelamento dos embriões excedentes, então o laboratório fertilizará apenas dois ou três óvulos, conforme a idade da mulher, porque não é permitido o descarte dos embriões naquele momento. No entanto, se o casal assim desejar, poderá congelar óvulos apenas, para fertilizá-los posteriormente. Ao contrário dos embriões, os óvulos podem ser descartados a qualquer momento, sempre com autorização da mulher.

O objetivo da criopreservação é o de, no caso de insucesso do ciclo in vitro, ou desejo de nova gestação, poupar a paciente de uma nova estimulação. De fato, o ciclo para nova transferência de embriões é mais simples, menos desgastante para a paciente e, também, de custo menor quando comparado à estimulação ovariana.

Embriões criopreservados podem ser utilizados a qualquer momento pelo casal. No entanto, não podem ser descartados antes de 3 (três) anos de congelamento. Dessa forma, mesmo que o casal obtenha gravidez e não deseje mais filhos, deve arcar com os custos da criopreservação por esse período de tempo.

CRIOPRESERVAÇÃO DE ÓVULOS (OÓCITOS)

Cada vez mais a mulher tem se ocupado de encargos profissionais, frequentemente retardando a gravidez. Entretanto, conforme o tempo passa, o potencial ovariano se reduz, o que ocorre mais drasticamente a partir dos 35 anos. A manutenção do potencial reprodutivo da mulher pode ser feita por meio de criopreservação dos oócitos, preferentemente até os 35 anos de idade. O procedimento é similar ao utilizado na fertilização in vitro: os ovários são estimulados, os óvulos captados cirurgicamente e criopreservados. Não há, até o momento, um tempo limite para sua utilização. Quando for adequado, os óvulos serão descongelados e fertilizados in vitro, com sêmen do parceiro ou de banco de sêmen, o embrião sendo transferido para o útero previamente preparado.
A criopreservação de oócitos também é útil (e às vezes imperiosa) nos casos de doenças ou tratamentos que possam comprometer a fertilidade, como cirurgias que envolvam ovários e útero (retirada de alguns tipos de miomas), tratamento de certos tipos de câncer com quimio ou radioterapia, e outros. Nesse caso, a criopreservação é realizada antes do tratamento, preservando o potencial reprodutivo da mulher.

CRIOPRESERVAÇÃO DE ESPERMATOZOIDES

Também os espermatozoides podem ser criopreservados, podendo ser mantidos assim por muitos anos, sem perda considerável do potencial reprodutivo. Esse procedimento é indicado nos casos de doença ou tratamento que influa negativamente no potencial reprodutivo masculino, tais como: pacientes com diagnóstico de câncer ou de qualquer outra doença cujo tratamento poderá afetar a fertilidade ou que serão submetidos às cirurgias que possam comprometer a produção de espermatozoides e/ou a ejaculação (cirurgias de próstata, bexiga, testículos, uretra, e outras).

Pacientes que desejam vasectomia, podem criopreservar espermatozoides antes da cirurgia. Pacientes submetidos à retirada cirúrgica de espermatozóides, dos testículos e epidídimos, para procedimentos de fertilização in vitro,  podem, também, ter criopreservados o material não utilizado.

CRIOPRESERVAÇÃO DE TECIDO OVARIANO

Para algumas pacientes, há possibilidade de criopreservação de fragmentos de ovário, contendo centenas de óvulos. Esses fragmentos podem, posteriormente, ser reimplantados e seus óvulos serem utilizados para fertilização ou gestação natural.