Homens com lesão medular
Nos dias de hoje, com a grande concentração de pessoas nos centros urbanos e, consequentemente, com os altos índices de violência (por disparos de armas de fogo) e acidentes de trânsito envolvendo, principalmente, motocicletas, indivíduos jovens em idade reprodutiva acabam por ficar paraplégicos ou tetraplégicos.
Devido à lesão neurológica, a grande maioria não tem ejaculação (anejaculação). A posição de estar sentado por tempo prolongado leva a repetidas infecções do trato urinário, hipertermia (aquecimento) testicular, além das consequências da própria lesão medular, resultando nos efeitos deletérios na quantidade e na qualidade dos espermatozoides.
Porém, existem tratamentos para que estes homens possam ser pais. São divididos em 2 tipos: vibroestimulação e eletroejaculação. Com a adoção destes tratamentos, a extração cirúrgica de espermatozoides testiculares nesses pacientes será, muitas vezes, desnecessária.
A vibroestimulação consiste no estímulo da região do freio do pênis, próximo à extremidade da uretra, com um vibrador, por alguns minutos, o que pode desencadear a ejaculação. Os pacientes com lesões altas (acima de T10 – região torácica) são os que mais se beneficiam desse procedimento. Assim, por ser simples e poder ser feito em domicílio pelo próprio casal, iniciamos sempre pela vibroestimulação. A taxa de sucesso é da ordem de 70%.
No insucesso da vibroestimulação, principalmente nas lesões mais baixas (abaixo de T10 – região torácica), é feita a eletroejaculação. Essa consiste na introdução de um probe retal que faz estimulações elétricas na próstata, levando à ejaculação na quase totalidade dos casos. Em homens que têm dor, será necessária a anestesia geral para o procedimento, e não poderá ser repetido com muita frequência ou em curtos intervalos de tempo.
Tanto na vibroestimulação quanto na eletroejaculação, o homem pode apresentar ejaculação retrógrada (o sêmen vai para a bexiga). Portanto, é necessário que a bexiga não esteja muito cheia nem muito vazia durante o exame para se obter espermatozoides da urina através de cateter uretral. O paciente, previamente, usa medicação (bicarbonato de sódio) para alcalinizar a urina. Dessa forma, seja de ejaculação anterógrada (normal), ou seja retrógrada, a depender de sua quantidade e qualidade, os espermatozoides podem ser aproveitados para inseminação intrauterina ou fertilização in vitro, com chances reais de gravidez.